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quinta-feira, março 10, 2011

J. D. Nasio - O tradutor da psicanálise
Aos 67 anos, o psiquiatra e psicanalista argentino, radicado na França desde 1969, tem 18 livros publicados e traduzidos em 13 idiomas; seu novo trabalho é sobre imagem corporal 
por Laura Battaglia
   

Esquemas teóricos, escritos e desenhados com tintas coloridas em grandes papéis, se espalham pelo chão do consultório e pelo divã. Esta é a etapa que se segue a vastas investigações sobre o assunto que Juan-David Nasio abordará em sua próxima aula. Ele lê, desenha e caminha sobre seus papéis enquanto pensa e elabora impressões acerca do tema. Em seguida, põe-se a escrever sua aula à mão, para que posteriormente o texto seja digitado pela secretária. Seguem-se inúmeras revisões, até que o psicanalista tenha certeza do que dirá a seus ouvintes, sejam eles especialistas ou estudantes de graduação. A preocupação intransigente em comunicar a experiência e a teoria psicanalítica de maneira acessível e nítida só se compara à paixão que ele tem por esta transmissão. Para ele, a clareza das palavras, sustentada pela escuta analítica e pelo rigor conceitual desperta no ouvinte, ou no leitor, o desejo de aproximar-se do enigma do inconsciente, como se pode constatar tanto na leitura de seus textos quanto na escuta de seus seminários e palestras. O professor chega, em alguns casos, a “dramatizar” alguns conceitos, usando filmes e gestos para torná-los inteligíveis.

CONFRONTO COM A LOUCURA
Embora alguns critiquem a forma como ele expõe a teoria, receando que a torne “rasa”, Nasio é hoje, aos 67 anos, um dos expoentes vivos da psicanálise. Aos 16, militante esquerdista, ingressou na graduação. Interessado em medicina social, identificou na psiquiatria a possibilidade de atuar nessa área. Essa especialização foi o primeiro passo em direção a sua formação como psicanalista clínico, pois lhe possibilitou o confronto com a loucura e o contato com pacientes psicóticos, o que lhe proporciona enorme aprendizado. Não por acaso ele defende que aqueles que se interessam pelo trabalho com pessoas que sofrem de transtornos mentais têm de conviver com pacientes psiquiátricos para aprender a escutar, se deixar afetar pela certeza delirante e buscar palavras que estabeleçam a comunicação com eles.

Clínico de crianças, jovens e adultos, pesquisador, autor de inúmeros artigos e de 18 livros publicados e traduzidos em 13 idiomas, foi professor de psicopatologia da Sorbonne, Paris, por 30 anos. Atualmente dirige os Seminários Psicanalíticos de Paris, instituição que fundou em 1986, destinada à transmissão da psicanálise e à formação de psicanalistas.

Laura Battaglia é psicanalista, mestre em psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), com especialização pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

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